quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Ícone da 1ª República


PRINCÍPIOS do séc। XVII, Veneza, no porto da cidade. Os senhores do Conselho Municipal da cidade estão todos presentes. Seguindo em frente, o amigo de Galileo Galilei, Sagredo e, atrás deste, Virgínia Galilei, a filha de 15 anos, carregando uma caixa de veludo, em cima da qual está a “invenção”, um telescópio de ca. 60 cm, embrulhado num estojo de pele. Galeleo no pódio, preparado para o grande momento. Atrás dele está um pequeno estrado onde o telescópio será, segundos depois, exposto. Vigilante, mais atrás ainda, está o sempre atento Federzoni, o Linsenschleifer (do alemão: “afiador de lentes”). Esta é a descrição do cenário que o dramaturgo marxista alemão e escritor de teatro épico Bertold Brecht faz, na sua obra teatral Galileo Galilei, sobre a cerimónia da entrega de mais uma invenzione deste cientista italiano à Repubblica Veneta.Na sua intervenção, Galilei começa por dizer que ele, como docente da Universidade de Pádua, não via a sua tarefa como sendo somente a de ensinar, mas também pôr à disposição da sua Repubblica invenções “úteis” que tragam prosperidade para todos e que contribuam para o progresso da ciência। O fabrico do telescópio levara-lhe 17 anos (1592-1610) de “profunda pesquisa”, sublinha ele. Depois do discurso de entrega, o próprio Galelei murmurou para Sagredo, o amigo ao lado: “foi uma perca de tempo”.


A “perca de tempo” justificava-se pelas cenas que se seguem na obra de Brecht। O curador da cidade, que falou em seguida, enalteceu aquela invenzione porque permitiria ao exército veneziano “ver e contar os barcos de guerra dos inimigos que se aproximassem à nossa costa duas horas antes de chegarem e, assim, decidirmos se vamos enfrentar o inimigo ou fugir”. Um dos senadores, olhando para a cidade pelo telescópio disse: “Daqui posso ver o forte de Santa Rosita: estão a almoçar peixe grelhado. Que apetite...!”. Um segundo senador, olhando pelo mesmo telescópio, afirmou algo contrariado: “terei que tirar a banheira da varanda do quarto da minha mulher...”. Pela invenção do telescópio Galileo Galilei acabou recebendo apenas 10 Skudi. O próprio Galilei retirou-se murmurando: “pergunto-me seriamente se, com esta coisa, não irei provar uma certa teoria...”. A “certa” teoria refere-se à heliocêntrica pela qual viria a ser condenado à morte pela Igreja Católica, num julgamento macabro.


São assim também os filósofos: falam para o futuro, usando o passado-presente। Para nós moçambicanos, há um espectro que paira na nossa História. É o espectro passado-presente de Machel. Como “julgar” este espectro? Por aquilo que Machel, como homem, foi? Ou por aquilo que ele representa, como símbolo, na História de Moçambique? Ngoenha acaba de lançar um livro intitulado Machel: Ícone da 1ª República? (Ndjira 2009) Este livro pretende ser um “Julgamento de Samora” (aliás este era o título inicial do livro que, por razões para mim pouco defensáveis, foi mudado). Alguns poderão usar o livro para olhar somente o passado na História de Moçambique. São os “nostálgicos e saudosistas que com a morte do Marechal presidente perderam os lugares de honra e de poder que ocupavam” (p.11). Para Ngoenha, os que assim o fazem, não têm de facto saudades do Marechal-Presidente e do que ele representa na História de Moçambique. Chorariam sim pelos privilégios que perderam. A prova disso é só olharem para como esses saudosistas e nostálgicos vivem hoje, diz-nos Ngoenha. Para esses, Machel deve ser enterrado como homem e como símbolo.


Outros, porém, julgarão (ou julgam) o Marechal da 1ª República pelo seu símbolo, por aquilo que ele representa। Estes homens e mulheres identificam-se pelo modelo de sociedade que Machel defendeu: justiça, solidariedade, trabalho, unidade, igualdade, anti-racismo, anti-tribalismo... Ou seja, tal e qual como Galileo Galilei pretendia com o telescópio, ver as estrelas e fundamentar a teoria heliocêntrica, esse grupo de moçambicanos, através de Machel, poderão escrutinar o futuro do país. Assim, para esse grupo de pessoas, julgar Machel, é um “pretexto para criticar indirectamente o sistema, o regime político e os governantes actuais” (p.11).


Assim, a pergunta-chave do livro Machel é: “... quem é que morreu, quem enterrámos em 28 de Outubro, o homem Machel, o presidente ou o símbolo?” A resposta de Ngoenha é clara। Machel foi enterrado como um faraó, isto é, selado hermeticamente numa tumba bem profunda com tudo o que ele tinha: ideologia socialista, justiça, patriotismo, papel do Estado e do partido e até aos homens que lhe foram fiéis. Ao mesmo tempo, porém, em alguns momentos da nossa História, o desenterramos (e vamos continuar a fazê-lo, sempre que necessário). Melhor: está enterrado o espírito de Samora, mas não está morto. O espectro da liberdade, que ele representa, ainda paira no ar.


Com esta obra, Ngoenha quer desenterrar Machel para ser “julgado”। Para esse julgamento ele convoca uma juíza muito estranha: a Maát*. Sendo do antigo Egipto, esta justiceira fazia muito tempo que não era acordada do seu sono secular para um julgamento. Mas é a única(?) que poderia julgar aos homens da dimensão de Samora Machel; de facto ela não julga os homens e seus actos; a Maát julga sim ícones (deuses laicos) porque, eles sozinhos, pela sua grandeza, encarnam a verdade e o espírito de toda uma época. Dão seu nome a essa época. Por trás da escolha da Maát, Ngoenha quer interrogar o próprio espírito da justiça na História de Moçambique e hoje.


Não posso deixar de dizer que a filosofia tende a ser des-humana। Pois, por excesso de racionalidade, ela tende a fulminar, algumas vezes até a “desculpar”, os actos irracionais dos homens-heróis ou ícones. O filósofo Mark Rowlands escreve, referindo-se a esta tendência da filosofia, no seu mais recente livro O Filósofo e o Lobo (Lua de Papel, 2009), que “os filósofos deviam receber condolências e não parabéns”. A questão é a seguinte: ao “empurrar-nos” para, como povo, julgarmos o símbolo que Machel representa, será que Ngoenha nos aconselha a “esquecer” o homem-Samora e os seus actos? Ou a figura e o uso do símbolo é a forma mais simbólica que a filosofia tem de considerar somente os bons actos do homem Machel (e, naturalmente, pôr na balança da Maát) e para ela própria – a filosofia – não se “sujar” neste processo?


Numa primeira leitura o livro parecera-me sugerir algo feio para o nascimento de uma filosofia moçambicana da história: Perdoar as “pequenas injustiças” à luz dos grandes actos históricos। Pareceu-me que Severino sugere: “podemos tirar a liberdade, a justiça, esconder a verdade aos homens de hoje porque temos em mente a liberdade, a justiça, a verdade do amanhã”. Eu teria muitos problemas em aceitar se essa fosse a forma que Ngoenha nos sugere para que uma filosofia moçambicana da História, com este livro, seja fundada e fundamentada.


Depois duma segunda leitura, porém, vejo que não। Ngoenha usa a ironia como estilo de escrita, sobretudo nas passagens que se refere aos momentos complicados da História contemporânea de Moçambique. É nesses “momentos” onde a acção do Machel-homem sobressai em relação ao que Ngoenha propõe como sendo o Machel-símbolo. Escolhi duas passagens do livro de Ngoenha que mostram que o autor não nos quis fazer esquecer o Machel-homem. A dado passo lê-se: “Distraidamente, [Samora] deitou um pouco de vinho no chão. Quando viu que todos olhavam para ele esperando uma explicação, ele sorriu e disse: É para os nossos antepassados: É para Mondlane, Simango, Joana Simeão, para todos aqueles que morreram e até mesmo para os portugueses. Sabem, não era contra os portugueses que nós lutávamos, nem sequer contra as suas ideias sobre eles e sobre nós. Nós lutamos, isso sim, para destruir o velho mundo, é para isso que ao lado dos portugueses tiveram que sucumbir, com a queda desse mundo, homens como Simango, Joana Simeão e outros” (p.66). E mais adiante Ngoenha, usando a voz de Samora, diz: “Eu e Simango divergimos quanto aos objectivos da luta e quanto à orientação a dar ao país depois da independência. Mas temos uma coisa em comum: engajámo-nos à custa das nossas vidas para defender os nossos ideais” (p.70).


Parece-me não ter sido fácil para Ngoenha manter-se numa leitura filosófica da História recente de Moçambique e da Frelimo sugerindo, por um lado, uma leitura do símbolo Machel, mas, por outro lado e ao mesmo tempo, chamando-nos atenção aos actos singulares de injustiças perpetrados em nome desta mesma História। Nesta óptica, Machel: Ícone da 1ª República? é um livro fundacionista de uma filosofia moçambicana da história. Será uma filosofia informada por uma leitura de “a história me absolverá” (ou me condenará) do companheiro Fidel. Assim, é caso para se perguntar se a nossa história terá mais ícones a julgar e o que eles irão simbolizar?


No fim, é o próprio Machel que exige a todos nós uma coisa muito simples: “que cada um de vós meta na balança da Maát as representações que tem da minha vida e da minha obra”। Ele quer submeter-se a um julgamento sim, mas não de uma justiça capitalista. Samora quer que todos e cada um de nós o julguem. “Que o povo seja instaurado juiz da minha causa” é o último desejo de Machel.


“Aqueles que desejam conquistar o favor de algum príncipe costumam apresentar-se-lhe com os bens que mais prezam ou com aqueles que crê dar mais prazer। Por isso é frequente vê-los oferecer cavalos, armas, panos de ouro, pedras preciosas e ornamentos semelhantes, dignos da sua grandeza. Desejando, pois, oferecer-me à Vossa Magnificência com qualquer prova da minha sujeição, não encontrei, entre todas as minhas bagatelas, nada que estime e ame tanto como o conhecimento das acções das grandes personagens [...], conhecimento em que pensei e reflecti demoradamente e com grande cuidado, a fim de o resumir num pequeno volume que envio à Vossa Magnificência”. O “pequeno volume” refere-se ao livro O Príncipe. E é Maquiavel que escreve. O Príncipe foi o livro mais lido de Maquiavel. Ao mesmo tempo um dos mais polémicos da Filosofia Política. O próprio Napoleão Bonaparte fez vários comentários ao livro. Era a sua obra de cabeceira.


Penso que Machel de Ngoenha poderá ser o livro mais intrincado que Severino Ngoenha oferece à sociedade moçambicana, às Vossas Magnificências। No debate filosófico que se segue, sugiro o contrário ao que Marechal (i.e. Ngoenha) pede, nomeadamente que cada um de nós ponha na balança da Maát as nossas representações sobre o símbolo Machel; sugiro, em contrapartida, que cada um de nós ponha sim as suas próprias acções nessa mesma balança. E que, desta vez, o símbolo epocal seja, sem abandonar a Liberdade, o da Justiça Social. E que a juíza seja informada pela Ubuntu. Este é uma juíza que tem uma agulha numa mão pronta a coser, na outra mão, um tecido (social) em pedaços. Aliás, é este o ideal da justiça que o próprio Ngoenha propõe algures entre as páginas da sua obra predecessora, Os Tempos da Filosofia (Imprensa Universitária, 2004).



* MAÁT é uma deusa egípcia que traz na cabeça uma pluma de avestruz. Ela representa a justiça e a verdade, o equilíbrio, a harmonia do Universo tal como foi criado inicialmente. É também a deusa do senso de realidade. Filha de Rá e de um passarinho que apaixonando-se pela luminosidade e calor do Sol, subiu em sua direção até morrer queimado. No momento da incineração uma pena voou. Era Maát. É a pena usada por Anúbis para pesar o coração daqueles que ingressam no Dwat. Em sociedade, este respeito pelo equilíbrio implica na prática da equidade, verdade, justiça; no respeito às leis e aos indivíduos; e na consciência do facto que o tratamento que se inflige aos outros pode nos ser infligido. É Maát, muito simbolicamente, que se oferece aos deuses nos templos.
JOSÉ P. CASTIANO

domingo, 29 de novembro de 2009

TROFÉU DA COPA DO MUNDO EM MAPUTO

O tão esperado troféu do Campeonato do Mundo de Futebol chega hoje (28 de Novembro) à noite, em Maputo, integrado no tour por todo o continente Africano patrocinado pela Coca-Cola।

O ícone de desporto mais desejado do mundo e símbolo da supremacia no futebol mundial deve aterrar no Aeroporto de Mavalane pelas 20 horas e terá uma animada recepção. Armando Guebuza é esperado para receber a taça.

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Frelimo elege 191 deputados, Renamo 51 e MDM 8

Abstenção atingiu 55,56%
4।387.250 eleitores (44.44%) foram votar
Com 191 dos 250 assentos disponíveis na Assembleia da República, a Frelimo tem uma maioria acima de 2/3 do total dos deputados, o que de acordo com o artigo 295 da Constituição da República de Moçambique, lhe permite fazer qualquer alteração constitucional, sem precisar de contar com a opinião da oposição, e ainda aprovar leis que o próprio presidente da República eleito, Armando Emílio Guebuza não tem mais a prorrogativa de não promulgar. A Renamo passou de 90 deputados para 51 e o emergente MDM, com menos de um ano de existência e excluído de 9 círculos eleitorais pela CNE, conseguiu eleger 8 deputados, mas de acordo com o Regimento da Assembleia da República em vigor, não terá direito a formar bancada parlamentar.

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Dockanema na capital do norte


Decorre, desde sexta-feira 6 e até o dia 14 de Novembro, no Museu Nacional de Etnologia de Nampula, a 3ª Edição do Dockanema, mostra de cinema documentário que animou Maputo na primeira quinzena de Setembro। O evento tem o apoio da Universidade Lúrio, que aposta na promoção da cultura e arte moçambicanas, na região Norte do país.


De acordo com Pedro Pimenta – director da mostra – “a extensão do Dockanema a Nampula está ainda no começo।” Até ao final do ano está também previsto que chegue a Inhambane. “À medida que há parceiros nas Províncias que demonstrem interesse as projecções podem acontecer mais vezes, uma vez que o conteúdo existe e está disponível para ser divulgado. Depende apenas da iniciativa local”, refere Pimenta.


A projecção do filme “A Ilha dos Espíritos ” – rodado na Ilha de Moçambique – do cineasta brasileiro Licínio de Azevedo, há muito radicado em Maputo, e a presença da cineasta brasileira Tenka Dara, com o seu filme “Plural: a Timbila dos Chopi Para o Mundo”, são dois dos destaques da programação

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

É SÓ DEMAGOGIA


O que o povo Moçambicano precisa é saber com clareza e saber porque é que o governo está usando e abusando da máquina pública para vender ilusão e tomar o voto dos pobres. Esta é a jogada para manter gente que quer continuar no poder para vender mais ilusão.

É por essa razão que este governo adoptou o "vale tudo" na campanha eleitoral, fazendo negócio para chantagear e enganar o eleitor. Exemplo disso são os Slogans lançados que não passa de pura jogada de propaganda, ou melhor pura demagogia para tentar tirar o voto principalmente dos mais pobres, que sonham com uma vida melhor.

Diante dos problemas da existência humana, os políticos mais malandros têm sempre à mão suas meiazinhas para uso genérico. Em geral, eles formulam as mais primárias equações para resolver problemas insolúveis e apontam bodes expiatórios os mais descabidos como responsáveis pelas mazelas do mundo – mazelas que prometem liquidar assim que assumam o poder.

Em fim.

ELEIÇÕES GERAIS 2009: Hoje e amanhã são dias de reflexão


Hoje e amanhã são dias dedicados à reflexão para os mais de oito milhões e oitocentos mil eleitores inscritos para as eleições legislativas, presidenciais e provinciais da próxima quarta-feira em todo o território nacional e em outros nove países da África, Europa e resto do mundo, previamente seleccionados para acolherem os pleitos eleitorais।

Durante os últimos 45 dias, os 19 concorrentes às três eleições desdobraram-se em iniciativas de campanha eleitoral em todos os 13 círculos eleitorais, dois dos quais localizados no estrangeiro, nomeadamente, África e resto do mundo. O círculo eleitoral de África compreende sete países, designadamente África do Sul, Suazilândia, Zâmbia, Zimbabwe, Tanzânia, Quénia e Malawi, enquanto o do resto do mundo circunscreve-se a apenas duas nações, nomeadamente Portugal e Alemanha, ambas na Europa.

Nas iniciativas de campanha promovidas pelos partidos políticos e coligações de partidos concorrentes foram dados a conhecer aos eleitores os diversos programas de governação para os próximos cinco anos que, no essencial, preconizam o combate à pobreza absoluta, luta que se vai corporizar na produção de comida, maior acesso à água potável, aos serviços de saúde e educação, à reabilitação e/ou construção de infra-estruturas sociais e públicas, melhoria da gestão da coisa pública, governação transparente, entre outras promessas.


A CORAGEM DE SE POSICIONAR


Existem em Moçambique mais de 30 partidos políticos, mas nenhum desses, mesmo os três partidos com mais popularidade, nomeadamente, o partido no poder a “FRELIMO”, a RENAMO e a MDM, tem um discurso claro e que faz a defesa intransigente da Democracia, do Estado de Direito, da Ética e da Justiça. Todos eles não têm uma proposta de desenvolvimento global que envolve questões essenciais como a segurança pública, a saúde, a educação e a preservação do meio ambiente.


Faltam planos, propostas, projectos e boas ideias aos nossos políticos. Também lhes faltam sonhos e fé para acreditarem que é possível restaurar a crença em valores e fortalecer as instituições, a começar pela família. Os políticos não tem fé no nosso futuro e no futuro do país, tanto que o desejo deles não é construir um Moçambique maior, um País de grandes propósitos.


Não queremos viver de fins intermédios, interesses particulares e promessas próximas. Também não pretendemos ver nossos políticos a centrarem suas acções em objectivos limitados ao nosso tempo. Sabemos que é fundamental lutar por conquistas imediatas como emprego, conforto e segurança, e achamos igualmente essencial, até como um dever da nossa geração, definir objectivos de longo prazo. Para o nosso bem e para o bem de Moçambique.



É isso.

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Eleições em Moçambique Sob Efeito da Midia

Qual a relação da liberdade de imprensa e da comunicação social com o poder e a sociedade moçambicana hoje? O papel da mídia nas decisões de voto? Qual o papel da mídia no contexto do Moçambique actual? Qual a relação da liberdade de imprensa e da comunicação social com o poder e a sociedade moçambicana hoje? O papel da mídia nas decisões de voto?

Estas questões todas se colocam quando faltam apenas meses para as eleições presidenciais, legislativas e provinciais em Moçambique. Na enorme complexidade dentro da qual se constrói a decisão do voto, e considerando que muitos factores estão simultaneamente em acção, quais as primeiras impressões que um observador pode ter do papel da mídia nas eleições que se avizinham no País?

Creio ser possível arriscar algumas afirmações. A primeira é que a mídia – ao contrário do que gostam de admitir seus principais porta-vozes – não é apenas uma mediadora ou transmissora de informações. Ela é parte activa e interessada no processo e constitui-se, ela própria, em importante actor político. Nos períodos eleitorais, esse papel se revela com clareza nas decisões editoriais, nas omissões e nas ênfases da cobertura política. Mas não só aí. Há uma acção implícita, difícil de se perceber e de se descrever, que é constitutiva da posição de centralidade que a mídia atingiu em nossas sociedades.

Nos debates com candidatos, por exemplo, a instituição TV – que não passa de concessionária de um serviço público – comporta-se como se constituísse um poder acima dos outros (será que constitui?). Os candidatos, que se apresentam aos eleitores como aspirantes aos cargos públicos, estão nesses debates como se diante de uma banca de examinadores, e a autoridade do julgamento é exercida pela estrutura televisiva personificada no âncora que preside o debate.

Outra característica presente é que não há efectivamente política nacional sem mídia porque são justamente as emissoras de Rádio e de Televisão, os jornais, as revistas e o cinema que definem o que é público, num contexto de regime democrático cuja essência deve ser a presença de actividades públicas e visíveis. A mídia modificou radicalmente as campanhas eleitorais e se transformou, por si, em importante actor político por sua capacidade de produzir e distribuir capital simbólico e pela possibilidade que os seus concessionários e proprietários têm de influenciar ou até intervir no processo político.

Em Moçambique, características históricas do sistema de mídia – com regulação que incentiva o desenvolvimento da radiodifusão privada (comercial) e comunitária, sem restrições efectivas à propriedade cruzada – somadas às características da população (maior parte considerada analfabeta funcional, sem domínio da escrita, com principal fonte de informação política o Rádio e a Televisão) funcionam como potencializadores do poder da mídia no processo político-eleitoral.

A proposição que mais nos interessa diz respeito à crise generalizada dos partidos em diferentes sistemas políticos. A mídia tem exercido várias das funções tradicionais de partidos políticos, como construir o cenário público, gerar e transmitir informações políticas, fiscalizar acções do governo, examinar e avaliar políticas públicas e canalizar demandas da população. E essa apropriação pela mídia do espaço de actuaçãopartidária tem papel determinante na crescente da “personalização” da política e do processo político. A cobertura jornalística torna-se cada vez mais centrada em candidatos do que em ideologias partidárias, e o processo fica caracterizado como uma disputa entre pessoas (políticos) e não entre propostas.

E as eleições, especialmente em democracias emergentes, muitas vezes significam maior tensão entre a imprensa e as autoridades. Intimidação do eleitor, fraude e instabilidade pós-eleição são alguns problemas em potencial que dificultam a reportagem de jornalistas. Contudo, uma imprensa livre é crucial para fazer valer a responsabilidade nas eleições.

Entretanto, lançamos aqui algumas perguntas que se podem incluir outras questões relacionadas acima.

Que tipo de perigos os jornalistas enfrentam quando cobrem eleições? Quanta pressão os jornalistas sentem para apoiar, opor-se ou ignorar certos candidatos na reportagem? O que a mídia noticiosa pode fazer para assegurar que as eleições sejam livres e justas? O que pode ser feito para melhorar a cobertura eleitoral no seu país?

Varios partidos políticos e seus candidatos muitas vezes não aceitam reportagens da mídia, se são contra si, dizendo que a reportagem é tendenciosa… e que o jornalista recebeu dinheiro do candidato oponente. Quando o quarto estado da democracia está sob comando do primeiro, pode-se imaginar o quão imparcial será a análise da eleição. Evidentemente, o papel da imprensa não deve ser no sentido de direccionar o voto ou influenciar o eleitor a votar nesse ou naquele candidato. Mas o papel dos meios de comunicação é fundamental para conhecermos melhor os candidatos e os partidos aos quais estão filiados.

Pretender que a imprensa seja imparcial é semiutópico. Isto porque ela deve se manter afastada do jogo político. Desta forma, estará prestando um serviço inestimável a todos os cidadãos desse País.

Enfim, a imprensa moçambicana registrou as famosas alianças entre gregos e troianos na política.

segunda-feira, 22 de junho de 2009

Já há sete candidatos à Presidência

As eleições presidenciais moçambicanas, marcadas para 28 de Outubro próximo, já têm sete candidatos declarados: Armando Guebuza (Frelimo), Afonso Dhlakama (Renamo), Daviz Simango (MDM), Raul Domingos (PDD), António Massango, (PEV), Yaqub Sibindy (PIMO), José Ricardo Viana, (UDM-PP) O prazo de inscrição de candidaturas na Comissão Nacional de Eleições (CNE) ainda decorre pelo que está aberta a possibilidade de ainda poderem vir a inscrever-se outros candidatos. Daviz Simango, líder do Movimento Democrático de Moçambique (MDM) é o presidente do Conselho Municipal da Beira. Para além de Guebuza, o actual chefe de Estado, são os únicos candidatos até aqui conhecidos que venceram eleições a que concorreram. Raul Domingos, presidente do Partido para a Democracia e Desenvolvimento de Moçambique (PDD) e Daviz Simango já militaram na RENAMO.. Daviz Simango foi expulso do partido liderado por Afonso Dhlakama em 2008. Candidatou-se como independente à sua própria sucessão como edil da Beira e venceu os candidatos dos partidos Frelimo e da Renamo tornando-se o primeiro caso de um candidato fora dos tradicionais partidos do País a vencer eleições. Raul Domingos, ex-número dois da RENAMO e um dos militares que subscreveu o Acordo Geral de Paz em Roma, foi expulso em 2000 do Partido liderado por Dhlakama. Alguns observadores admitem já a hipótese deste quadro em que há pelo menos sete candidatos à sucessão de Armando Guebuza, poder vir a suscitar uma segunda volta. Daviz Simango (MDM), António Massango (PEV), e José Ricardo Viana (UDM-PP) concorrem à Presidência da República pela primeira vez. Afonso Dhlakama vai-se submeter a sufrágio pela quarta vez.

segunda-feira, 8 de junho de 2009

MDM com ambições de assumir governação

O MOVIMENTO Democrático de Moçambique (MDM) aspira atingir o poder no país, segundo assegurou, sábado, em Nampula, o seu líder, Daviz Simango. Falando na II Conselho Nacional da agremiação, aquele político desafiou os membros e simpatizantes para se empenharem no sentido de assumirem a governação nacional.

MDM com ambições de assumir governação

O MOVIMENTO Democrático de Moçambique (MDM) aspira atingir o poder no país, segundo assegurou, sábado, em Nampula, o seu líder, Daviz Simango. Falando na II Conselho Nacional da agremiação, aquele político desafiou os membros e simpatizantes para se empenharem no sentido de assumirem a governação nacional.

sábado, 25 de abril de 2009

Sul-africanos votaram no ANC,


Mais de metade dos eleitores sul-africanos votaram no ANC, actualmente no poder na África do Sul, o que permite ao líder deste partido, Jacob Zuma, tornar-se presidente, anunciou a comissão eleitoral।


O Congresso Nacional Africano (ANC) conquistou 11,6 milhões de votos, ou seja mais de metade dos 23 milhões de eleitores inscritos, o que lhe assegura assim um avanço que não pode ser recuperado, revelou a comissão eleitoral।


O líder do ANC, Jacob Zuma, torna-se assim no quarto presidente negro da África do Sul। Com 99 por cento dos boletins contabilizados, o ANC deverá obter um pouco menos do que a maioria de dois-terços, enquanto o seu principal rival, a Aliança Democrática, obteve 16,54 por cento dos votos.


A terceira força política mais votada, o Congresso do Povo, formado em Dezembro, por dissidentes do ANC, obteve, por seu lado, 7,42 por cento dos votos.

Armando Guebuza, exonerou esta quinta-feira Mário Mangaze

O Presidente da República, Armando Guebuza, exonerou esta quinta-feira Mário Mangaze e António Pale dos cargos de presidentes do Tribunal Supremo e Administartivo। Guebuza exonerou ainda Rui Baltazar do cargo de Presidente do Conselho Constitucional।
Em substituição de Mário Bartolomeu Mangaze Guebuza nomeou o Juiz Conselheiro Ozias Pondja, figura muito próxima de Mangaze।

Para o cargo de Presidente do Tribunal do Administrativo, o Chefe de Estado indicou Machatine Munguambe।

O Juiz Conselheiro do Tribunal Supremo Luís Mondlane foi indicado pelo Presidente da República para o cargo de Presidente do Conselho Constitucional, em substituição de Rui Baltazar।
Luís Mondlane
Pres. do Conselho Constitucional

Foi juiz dos “tristes” tribunais revolucionários militares nos tempos do partido único। É tido como uma das pessoas mais próximas de Mário Mangaze. É juiz conselheiro do Supremo e é também juiz presidente do tribunal da SADC
Ozias Ponja
Pres. do Tribunal Supremo

Em 1978, foi delegado da Procuradoria da República na província da Zambézia. Anos mais tarde, foi juiz do Tribunal Revolucionário Popular de Cabo Delgado, funções que também exerceu na província da Zambézia.
É juiz conselheiro do Tribunal Supremo desde 2002।
Machatine Munguambe
Pres. do Tribunal Administrativo

É mestre em Ciências Jurídico-políticas com especialização em Direito Público. De 1988 a 1995, foi director da faculdade de direito da universidade eduardo Mondlane; de 2003 a 2004, foi indigitado para representar o governo junto da Comissão Nacional de Eleições; de 2001 à data da sua nomeação era reitor da ACIPOL.

quinta-feira, 23 de abril de 2009

Três mil bicicletas substituem “chapa”


Cerca de três mil bicicletas de diferentes modelos serão postas no mercado em finais de Maio próximo através de feiras, devendo na primeira fase privilegiar-se os funcionários do Estado residentes na cidade e província do Maputo, para que possam as usar na sua deslocação de e para os locais de trabalho em substituição paulatina dos transportes semicolectivos de passageiros, os “chapa”, que teimam em escassear।


O projecto, liderado pelos Ministérios dos Transportes e Comunicações (MTC) e da Indústria e Comércio (MIC), visa ainda massificar nos cidadãos a opção por um meio de transporte amigo do ambiente, que dispensa combustíveis e que permite a prática de exercício físico, para além de supostamente reduzir o tempo de espera nas paragens dos autocarros e nos congestionamentos, agora típicos nas horas de ponta nos principais centros urbanos do país.

quarta-feira, 22 de abril de 2009

Eleições são a 28 de Outubro

O PRESIDENTE da República, Armando Emílio Guebuza, determinou ontem, através de Decreto Presidencial, que as eleições gerais presidenciais e legislativas e para as assembleias provinciais têm lugar no dia 28 de Outubro de 2009.

terça-feira, 7 de abril de 2009

Moçambicanas em festa


A MULHER moçambicana está hoje em festa, comemorando mais um 7 de Abril, seu dia e de homenagem à heroína Josina Machel

quinta-feira, 2 de abril de 2009

1.ª Conferência Extraordinária da Frelimo em Sofala


Henriques Bongesse é o novo 1।º Secretário do Comité Provincial
A 1।ª Conferência Extraordinária Provincial do partido Frelimo elegeu, por unanimidade, Henriques Bongesse para o cargo de primeiro secretário provincial daquele partido em Sofala. Os restantes membros do secretariado do Comité Provincial foram também eleitos: Omar Jalilo, Fátima Batalhão, e Florência Razo Alface.

A principio, Bongesse concorria para a vaga deixada em aberto por Lourenço Bulha, com Antónia Simão Charre, e ela era tida como a grande favorita. Inexplicavelmente desiste e retira-se da corrida deixando espaço aberto para a unanimidade que conduziu o administrador de Marromeu ao cargo 1.º Secretário do mais algo órgão estatutário do partido Frelimo na província de Sofala que tem a sua sede na Beira.

quinta-feira, 5 de março de 2009

A Propósito da Crise Financeira Mundial


A SAÍDA É POLÍTICA E NÃO ECONÓMICA।

Percorri nestes últimos dias, numa série de pesquisas sobre o ponto de situação a que se encontra o mundo em relação a crise financeira mundial que o planeta enfrenta, Niall Ferguson, autor do livro The Ascent of Money, prevê que os efeitos da referida crise serão prolongados e antes do seu término haverá sangue, guerras civis irão ocorrer। Governantes moderados tornar-se-ão extremos, (sic). Já esta semana o ministro moçambicano da Planificação e Desenvolvimento Rural, Aiuba Cuereneia, fez saber que o Governo moçambicano revelou terça-feira que pelo menos dois dos 19 doadores do país, que anualmente financiam cerca de 50% o Orçamento moçambicano, estão a reavaliar a sua participação “devido à crise financeira”। Deste lado do campo, num ponto de vista muito particular, suponho que não dá para esperar coisa diferente, esta crise em que o planeta mergulhou nos últimos meses tem sua origem na raiz do sistema capitalista e por isso mesmo, será duradoura। Dela emergem outras questões fundamentais a serem enfrentadas, como a dívida pública dos países periféricos, dos quais não escapam os africanos, em particular Moçambique, a questão do desemprego global. As coisas parecem, mas não são। Parece que proprietários de imóveis irresponsáveis em conluio com credores gananciosos nos EUA, provocaram a o colapso geral que derrubou Bolsas, retraiu as vendas, enxugou o crédito, travou as engrenagens do sistema e fez muitas mais coisas das que vimos pela TV, ouvimos pela Rádio, lemos pelos jornais, e retroprojectam-se na nossa mesa de refeição, nas dificuldades de puder mandar as crianças a escola com material suficiente, em fim, nos altos níveis de insegurança pública que enfrentamos nas estradas. Resposta fácil para um problema complexo। Ilusão reduzir as coisas a este patamar de explicações, apesar de largamente utilizado por comentaristas económicos atónitos diante da falência repentina de suas teses neoliberais. Nosso planeta é acometido de uma doença que se arrasta há séculos denominada capitalismo, que como sugere o nome, acumular capital é sua sina। A enfermidade global recebe doses medicamentosas regulares que adiam os problemas e, não raro, não fazem mais efeito, provocando surtos permanentes e persistentes de crises. Assim, em muitos países africanos, já que a rolha foi puxada e o capital fictício desceu ralo abaixo, em questão de segundos, continua se recorrendo, agora de forma mais caprichosa e exagerada ao erário público para solicitar desavergonhadamente por auxílio, no que são prontamente atendidos। Encurralados, não havia outra saída: é melhor sacrificar o discurso do que o lucro. Mas é preciso ir mais além, como capitalizar os estados africanos, em particular Moçambique para fazer frente aos desafios sociais, provocando o estancamento imediato da sangria de riquezas do país através da interrupção do pagamento da dívida externa e interna, acompanhada de uma auditoria।
O que parece coisa de louco para o capital normalmente é saudável para o trabalho। Além do mais, Moçambique é um país estratégico no sentido de potencializar as acções das nações parceiras da África Subsahariana। Há um terreno amplo e favorável para aprofundar laços de cooperação económica, de imposição de novas políticas sociais no lugar do assistencialismo, de romper definitivamente com o quadro histórico de dominação, usurpação e espoliação do continente. Mas a grande perda mesmo será não aproveitar a conjuntura política continental e articular uma frente cujo lema bem poderia ser “Outra África é Possível”। A saída é política e não económica. Por: Zacarias Chambe (Estudante da Faculdade de Ciências Sociais, Curso de História Política e Gestão Pública pela Universidade Pedagógica-Nampula)

terça-feira, 3 de março de 2009

Morte de "Nino" Vieira : Guebuza condena


O PRESIDENTE da República, Armando Guebuza, disse ontem em Maputo ser inconcebível que nos dias de hoje haja pessoas que queiram alterar a ordem utilizando meios ilegais e inconstitucionais.

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009



A propósito das eleições Presidenciais e Legislativas de 2009


O parlamento de Moçambique entrou no mandato quinquenal que este ano termina com os mesmos vícios dos mandatos anteriores. O descaso com os anseios populares virou uma prática corriqueira, o histórico político de alguns representantes mais parece uma “capivara” e reina uma salada partidária que confunde até os que convivem quotidianamente em seu meio. Mas é preciso separar o joio do trigo, superar o discurso de que “ninguém presta” e fortalecer a participação popular e as organizações partidárias.

Grande parte dos deputados da Assembleia da República de Moçambique das ambas bancadas parlamentares, aproveitam a oportunidade de puder falar em directo numa transmissão em canais de TV bem como na Rádio pública do país para discutir mais assuntos que lhes dizem respeito, responder provocações particulares e partidárias e sobre o que o Povo que os deu a oportunidade de ganhar os 16.000.00Mts, passa todos dias desde as margens do Rovuma até aos altos prédios do grande Maputo, NADA SE LEMBRAM, ou melhor SE ESQUECEM DE TUDO.

Os seus salários, que mesmo com os zeros reduzidos na nova família não deixa de ser uma quantia extremamente elevada num país de onde a minoria absoluta é que acorda duma cama fashion dum quarto com ar condicionado à temperatura que lhe convier para um desses 4x4 que o fabricante que é Ocidental ou nipónico, recomenda que seja bem usado em terras de difícil acesso, os mesmos carros, nunca tiveram o prazer de saborear as terras onde Deus se esqueceu, as mesmas que o nosso GOVERNO NUNCA SE LEMBROU.

O que mais me espanta é que estes macabros comportamentos que me refiro com os SENHORES DEPUTADOS da Assembleia da República que infelizmente muitos de nós ainda temos a coragem de chamar àquela “a casa do povo”…mas que vergonha. Surdos ou Cegos? Sim só podemos ser surdos ou cegos de não podermos ver e ouvir que tudo o que parlamenta naquela sala é só ninharia que diz respeito a vida e estabilidade das contas bancárias dos Senhores Coronéis e destes outros Deputados coitados que saíram como entraram ás autárquicas e sinto que o pior está por vir porque duvido que os seus patrões farão fácil ao auto intitulado “OBAMA” de Moçambique.

Homens, Mulheres e Jovens, estão, como todos devem saber, agendadas as Eleições Presidenciais para este ano, e eu sinto que muitos de vocês tem o mesmo sentimento que eu: ESTÁ NA HORA DE MUDANÇA!

A mudança passa por pôr fim a muitos desses infortúnios da vida dos nossos camaradas com grandes propriedade de terra, mas muita terra mostrada aos quatro cantos deste planeta esférico que abrigam castelos memoráveis, com muitos quartos, suítes, salas, além de chafariz, lagos artificiais, piscinas com cascata e capelas, que hospedam presidentes e finge-se ser daquele senhor empreendedor e até os casais enamorados tiram fotos para o álbum de núpcias.

Áreas de grandes metros quadrados construídas, mais do que muitos castelos medievais europeus.

Os camaradas do nosso partido libertador são hoje os caciques regionais e nacionais, geradores de uma tensão permanente entre o fisiológico poder pessoal e a organização partidária. Por isso vivemos uma oscilação permanente entre a construção de formas mais avançadas de representação política e participação popular e a manutenção desta arcaica estrutura de poder, sintetizada em partidos de pessoas.

A superação deste quadro é possível e necessária, mas não se resolve na base das lamúrias. É preciso mobilização social de baixo para cima para enfrentar os escândalos que se sucedem. Reclamos insistentes com o vizinho, indignação de sofá e cuspir respostas mecânicas como “ninguém presta” e “político é tudo ladrão”, só colaboram para ampliar o distanciamento das pessoas da participação política na definição dos rumos do país, que é tudo que os donos do poder querem.

O remédio é exactamente o contrário: protestar organizadamente contra este estado de coisas, agir politicamente a favor de uma reforma que fortaleça os partidos e enfraqueça os coronéis, diferenciar a banda podre da banda sadia do parlamento. Enfim, tornar os brasileiros verdadeiros protagonistas das mudanças necessárias.

Nestas Eleições, vamos mostrar um pouco de Amor-próprio e de dignidade Pessoal, VOTO PROESPECTIVO E PRESPECTIVO, Repito VOTO PROSPECTIVO E PERSPECTIVO!

Zacarias Chambe

(Estudante da Faculdade de Ciências Sociais Curso de História Política e Gestão Pública pela Universidade Pedagógica-Nampula)

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009


Os mambas venceram, esta tarde, a sua congénere de Malawi.

O primeiro golo foi apontado por Dário Monteiro e o segundo pelo craque e “adorado” Dominguez.Dominguez pôs a bola na rede após ter fintado três jogadores.

Os adeptos entrevistados após o termo do jogo que pós frente à frente as selecções de Moçambique e Malawi, foram unânimes em afirmar que a vitória de Moçambique foi justa e merecida, dado que mostrou maturidade durante o jogo.

Analistas desportivos dizem que a vitória de Moçambique frente ao Malawi é um dado muito importante uma vez que a equipa irá subir no ranking da FIFA. De lembrar que Moçambique ainda tem pela frente as selecções de Nigéria, Tunísia e Kénia.

Morgan Tsvangirai já tomou posse


Morgan Tsvangirai já é Primeiro Ministro do Zimbabwe. O acto de empossamento teve lugar por volta das 12 horas naquele país. Presenciaram este acto, vários chefes de estado entre eles o Presidente da República, Armando Guebuza, presidente sul-africano, Kgalema Motlanthe, Thabo Mbek, entre outros. A cerimónia de empossamento do líder do Movimento para Mudança Democrática (MDC), como primeiro-ministro zimbabweano, acontece no âmbito do acordo de partilha de poder assinado a 15 de Setembro, entre os líder do MDC e Robert Mugabe, líder da ZANU-PF, que mantém-se como Presidente.

Além de investir o líder do MDC, o presidente zimbabweano empossou igualmente o líder da facção do partido da oposição, Arthur Mutambara, que se torna assim no vice primeiro ministro zimbabweano.

Presenciaram este acto, vários chefes de estado entre eles o presidente da república, Armando Guebuza, presidente sul-africano, Kgalema Motlanthe, ex-líder sul-africano, Thabo Mbeki, entre outros assim como, cidadãos zimbabweanos no geral.

2.ª volta das autárquicas em Nacala-Porto


Chale Ossufo poderá apear Manuel dos Santos

Decorreu ontem em Nacala a segunda volta das eleições autárquicas que coloca em disputa o cargo de Edil da cidade pelos dois candidatos que na primeira volta melhor se classificaram sem, contudo, qualquer deles ter conseguido 50% dos votos válidos mais um. Nesta jornada decisiva, o que for mais votado ganha. E quando quem efectuava cálculos paralelos de escrutínio já havia processado os resultados de cerca de dois terços das mesas de votação, cerca das 03h30 desta madrugada, Chalé Ossufo, candidato da Frelimo, ia à frente com 56% dos votos válidos.

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

O presidente do Zimbabwe celebra no próximo dia 21 de Fevereiro o seu 85º aniversário com uma lista de produtos milionária enquanto o país morre à fom


Duas mil garrafas de champagne (Moët & Chandon e Bollinger); oito mil lagostas; 100 quilos de gambas; quatro mil doses de caviar; três mil patos, 16 mil ovos, três mil tartes de chocolate e baunilha e oito mil caixas de bombons Ferrero Rocher constituem a ementa da lauta refeição. Para a festa estão convidados amigos próximos do círculo do presidente, empresários e membros do seu partido a ZANU/PF que têm igualmente a possibilidade de enviar doações em cash. A conta, aberta num banco que só admite dólares norte-americanos, chama-se ‘Movimento 21 de Fevereiro’, dia do nascimento de Robert Mugabe. O milionário menu é demasiado humilhante para o povo do Zimbabwe. Um diplomata ocidental em declarações em jornal britânico ‘The Times’ qualificou-o de “obsceno”.

Daviz Simango será candidato à Presidência da República


Há três nomes na mesa para se vir a designar o movimento: REDEMO (Revolução Democrática de Moçambique), MODEMO (Movimento Democrático de Moçambique) e ainda a mesma designação mas com a sigla MDM. Existiu e ainda poderá vir a estar em cima da mesa a hipótese de se designar por FREDEMO (Frente Democrática de Moçambique). “São os nomes que vão estar na mesa da Conferência Constitutiva do Movimento e só depois se saberá em definitivo e oficialmente”.

sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

Paulina Chiziane “As Andorinhas”


A escritora moçambicana Paulina Chiziane procedeu em Maputo, ao lançamento do livro “As Andorinhas”, uma trilogia de contos que faz uma abordagem profunda sobre a vida e obra de Eduardo Mondlane, Ngungunhana e Lurdes Mutola A escritora abre assim a sua época literária com mais um brinde aos amantes da literatura moçambicana। Para esta obra, Chiziane diz ter escolhido estas três personalidades porque “são nomes que ajudam a compreender o Moçambique de hoje, em parte, por influências do que aconteceu no passado”.


Serviu de fonte de inspiração para a escritora uma das obras mais marcantes da literatura moçambicana: “Chitlango, o Filho do Chefe”, de Eduardo Mondlane। Igualmente, inspirou-se em lendas à volta da figura do último rei de Gaza, Ngungunhana.


“É conhecida a aversão de Ngungunhana aos chopes। Através da pertença a este grupo, fui ouvindo no meu meio muitas histórias à volta dele. O seu poderio era por todos conhecido e respeitado”, diz-nos Paulina, exemplificando que, certa vez, Ngungunhana ordenou silêncio e umas pequenas criaturas - as andorinhas - perturbaram, do cimo de uma árvore, o seu descanso. Uma delas defecou lá de cima para a cabeça do rei. Na fúria que lhe era característica, o imperador chamou os seus homens e ordenou-os a caçarem todas as andorinhas.


O resultado dessa determinação é que eles saíram à caça das andorinhas, porque o rei as queria vivas junto de si para as castigar। Pelo caminho, acabaram por se confrontar com os portugueses. O fim é o que todos sabemos: o império chegou ao fim, o imperador foi preso e o seu poder acabou - por causa de uma andorinha.


Mondlane, sempre!


Debruçando-se sobre a imagem de Eduardo Mondlane, a escritora trata-o como um herói cuja importância ultrapassa os limites da luta pela auto-determinação dos moçambicanos। “Eduardo Mondlane carrega em si uma postura que devia servir de inspiração para todos nós, porque a sua importância ultrapassa também o que os nossos manuais de História dizem”, salienta Chiziane. Na obra, Paulina viaja em torno da imagem de Mondlane num conto intitulado “Maudlane, o criador”.


No que à Lurdes Mutola diz respeito, a escriba cataloga-a como “Mutola, a ungida”, história que se desenrola sobre aquela que os moçambicanos têm como a menina de ouro। “Ela é muito mais que uma dourada. A história dela faz lembrar Eduardo Mondlane; é uma história de luta, de humildade, de contágio que fez um povo jubilar”, frisou.


Com estes contos, Paulina Chiziane pretende chamar a atenção sobre a “necessidade urgente de produzir personalidades fortes do tamanho e envergadura de um Mondlane”।


No seu percurso de escritora, Paulina Chiziane já publicou as obras “Balada de Amor ao Vento”, “Ventos do Apocalipse”, “Niketche”, “O Sétimo Juramento” e “O Alegre Canto da Perdiz”.

Caso Aeroportos de Moçambique: PCA interino denunciado na CPAR


Trata-se de António Lapido Loureiro que,


Mais um nome do Conselho de Administração da Empresa Aeroportos de Moçambique perfila na lista de ilustres figuras denunciadas como tendo participado no desfalque financeiro da empresa pública Aeroportos de Moçambique। Trata-se de António Lapido Loureiro, um nome que nunca tinha sido citado como fazendo parte do já baptizado como “Caso Aeroportos de Moçambique”. António Lapido Loureiro é o actual Presidente do Conselho de Administração interino por força da ausência prolongada de Diodino Cambaza। Na altura dos factos (desfalque financeiro) Lapido era membro do Conselho de Administração da empresa, como administrador. O mediaFAX teve acesso a uma carta/ denúncia enviada à Comissão de Petições da Assembleia da República (CPAR) que no seu primeiro parágrafo avança nos seguintes termos: “permita-nos levar, nos termos do artigo 160 do código do Processo Penal ao seu conhecimento os factos protagonizados de forma conjugada pela Administração da Empresa Aeroportos de Moçambique EP, constituída pelos senhores Diodino Vicente Maiel Cambaza – PCA, Maria João Mateus Coito, António Lapido Loureiro, Antenor Honorato Pereira – administradores que entendemos constituírem comportamentos eventualmente desviantes e qualificáveis como criminosos à luz do Direito Penal Moçambicano constituído” – refere a carta/denúncia assinada por quatro pessoas, supostamente funcionários da Aeroportos de Moçambique.



Aliás, a referida carta leva no fim um contacto de Hermenegildo Mavale, exonerado a 10 de Agosto de 2007 do cargo de Administrador da ADM por proposta do antigo Presidente do Conselho de Administração, Diodino Cambaza।Com o mesmo teor em relação as acusações já conhecidas contra os réus presos neste processo, nomeadamente Diodino Cambaza e Antenor Pereira, os subscritores da carta enviada à Comissão de Petições justificam que só decidiram enviar o documento àquele órgão deliberativo em resultado de terem sentido muita demora na tramitação do caso que já tinha sido denunciado à Inspecção Geral de Finanças do Ministério das Finanças. “Sucede porém que os factos que iremos extravasar já foram participados, por escrito, à Inspecção Geral de Finanças sob tutela do Ministério das Finanças no mês de Junho do ano em curso (2008) cuja participação foi entregue, em mão, ao Director da Inspecção, Sr Jorge Marcelino, sem contudo ter agido conforme solicitado até ao presente momento” – refere a nota para depois chamar atenção para o facto de “o lapso de tempo que decorre desde a entrega da participação àquele organismo até ao presente tem vindo a contribuir para uma real destruição de algum material que julgamos que seria de crucial importância para que a veracidade material dos factos fosse aferida de forma fácil” – sustenta.O processo que já está na instrução contraditória, continua com apenas dois arguidos presos. Na altura dos factos, o Conselho de Administração era composto por 7 membros. Da lista dos arguidos (não presos) constam as figuras do antigo ministro dos Transportes e Comunicações, António Munguambe, da Administradora, Maria João Coito e da representante da Sociedade Moçambicana de Serviços, Deolinda Matos.


O processo acusado pelo Ministério Público foi cair na 10ª Secção do Tribunal Judicial da Cidade de Maputo, cujo juiz é Dimas Marroa.

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Lourenço do Rosário é o Empreendedor Master 2008


Lourenço do Rosário é o grande vencedor do Prémio Empreendedor Master 2008, uma iniciativa da empresa Ernest & Youg। O Melhor empreendedor moçambicano vai representar o país em Maio próximo na gala mundial dos empreendedores, a ter lugar na cidade de Mónaco.


Numa noite em que foi um verdadeiro desfile da nata empresarial moçambicana, com a presença do Presidente da Republica, Lourenço do Rosário foi o grande vencedor da 2ª gala da Ernest & Young। Do Rosário arrebatou o prémio de melhor empreendedor Master 2008, e vai representar Moçambique na gala mundial de Mónaco-França, em Maio deste ano.


Na mesma categoria, o segundo lugar foi para Ghassan Ahmad, da empresa Home Center, e em terceiro lugar ficou Pedro Mucambe, da empresa HIDROMOC।


Para a categoria “Empreendedor Emergente”, Anastâncio Langa, da empresa Clean África foi o vencedor, seguido de Yolanda Fernandes, da empresa Yola Mobilias, e por fim, na terceira categoria ficaram os três sócios fundadores da empresa MMD Construções।


Na categoria “Empreendedor Responsabilidade Social Empresarial Multinacional, o primeiro classificado foi o Millenium BIM, tendo o segundo sido atribuído a Mozambique Leaf Tobacco, e em terceiro ficou o grupo Pestana। Ainda na mesma gala, realizada ontem, na cidade de Maputo, subiram ao palco para as distinções na categoria Empreendedor Responsabilidade Social Empresarial Nacional, as Linhas Aéreas de Moçambique - em primeiro lugar.


Para o segundo lugar o prémio foi atribuído aos Caminhos de Ferro de Moçambique, e finalmente para o terceiro lugar desta categoria voltou a subir ao palco Lourenço do Rosário, que acabou levando para casa dois prémios.

“A Vida e Obra de Mondlane',


O ANTIGO ministro de Informação, Jorge Rebelo, disse ser constrangedor o facto de muitos jovens, em Moçambique, estarem alheios à realidade histórica do país, situação que deveria ser colmatada ainda no ensino primário।


Contrariamente ao que a história oficial do país ensina há mais de 40 anos, Eduardo Mondlane não morreu nos escritórios da Frelimo em Dar-es-salaam mas sim, na casa/restaurante da “amiga” do antigo movimento libertador Betty King, situada na estância turística de Oyster Bay na Tanzânia।


Quem assim o diz é Jorge Rebelo antigo ministro da informação e chefe do departamento do trabalho ideológico da Frelimo, durante uma palestra por si proferida no último sábado em Maputo, subordinado a vida e obra de Eduardo Mondlane।


“Morreu em casa da nossa amiga”


Visto por muitos como uma das últimas reservas morais dentro da Frelimo e numa das suas raras declarações públicas, Jorge Rebelo confirmou aquilo que a 3 de Fevereiro de 2007, o antigo secretário particular de Eduardo Mondlane, Joaquim Chissano havia dito। “Eduardo Mondlane foi assassinado na casa/restaurante de Betty King e não nos escritórios da Frelimo”.


Jorge Rebelo explicou que estava em Tanzânia na fatídica manhã de 3 de Fevereiro de 1969। “Eu nessa manhã estava nos escritórios da Frelimo em Dar-es-salaam. O camarada Mondlane chegou e levantou a correspondência que tinha chegado para ele.


Entre essa correspondência estava um livro, que não conheço os seus detalhes। O camarada Mondlane pegou na correspondência e entrou no carro e foi para casa de uma senhora norte-americana que era nossa amiga e que trabalhava no Instituto Moçambicano chamada Betty King.


Ele costumava ir para lá porque era perto da praia। Foi lá onde abriu o livro e a bomba explodiu e morreu. A bomba lhe destruiu a parte inferior do corpo e ficou somente a parte de cima. Não foi no escritório” elucidou a fonte.


Quem era Betty King para Eduardo Mondlane?


Instado a explicar o grau de relacionamento entre Betty King e Mondlhane, Jorge Rebelo disse que “não há razões para especulações. A Betty era muito nossa amiga. Eu também as vezes costumava ir para lá, principalmente aos fins de semana. Não há nada de sinistro nessa senhora”.
Entretanto, sabe-se de fontes bibliográficas que Betty King era secretária da esposa de Eduardo Mondlane, Janet Mondlane।


Quem entregou o livro ao presidente?


Jorge Rebelo acusou na ocasião a extinta Polícia Internacional e Defesa do Estado, PIDE, de estar por detrás do assassinato de Eduardo Mondlane।


De acordo com Rebelo, para a materialização do objectivo da eliminação física do líder da Frelimo, a PIDE contou com elementos “infiltrados” dentro do movimento libertador।


“Houve elementos dentro da Frelimo que colocaram o livro na secretária do presidente Mondlane para que ele o levantasse pessoalmente। O nome que aparece é o de Silvério Nungo. Nungo era um grande inimigo do presidente Mondlane. Ele estava no grupo de Lázaro Kavandane e Urias Simango. Eles não concordavam com a sua política” defendeu.


Quem foi Silvério Nungo?


Silvério Nungo foi um dos fundadores da Frelimo e fez parte do primeiro secretariado executivo deste movimento libertador, ocupando o cargo de secretário para área de informação। Foi afastado da Frelimo juntamente com outros históricos deste movimento, como Urias Simango, Adelino Guambe, Lázaro Kavandane, Padre Guendjere entre outros, alegadamente por serem reaccionários.


Nungo viria a ser fuzilado em M’telela no Niassa juntamente com Urias Simango, Joana Semeão entre outros.