quarta-feira, 9 de julho de 2008

Eleições V Discurso eleitoral




Vingará, este ano, o discurso salvacionista, emoldurado pela arquitectura de maquetes e por arranjos estéticos que impactam os telespectadores? Qual será o discurso de dezenas e milhares de candidatos as autarquias no País?


As abordagens obedecerão às lógicas das cidades, incorporando demandas e circunstâncias temporais। Candidatos à reeleição mostrarão feitos e seus indicados argumentarão com a ideia de continuidade. Oposicionistas tentarão desconstruir a obra situacionista, no intuito de expor um diferencial.


Ao lado do adjectivo de desqualificação de adversários, buscarão ideias para chamar a atenção। A improvisação jorrará, podendo-se esperar uma torrente de propostas exóticas. Veremos um desfile de nomes fantasia, ovos de Colombo e equações sem nexo dentro de um pacote de mirabolantes.


Teremos, ainda, um desfile de candidatos de “ficha suja”, que transitam pelas barras dos tribunais। Por ainda não terem sido condenados em instância final, poderão submeter-se ao crivo das urnas, apesar da defesa do “princípio da moralidade”, contrário a candidaturas com problemas na Justiça.


Porém o sistema de percepção do eleitor consegue, hoje, diferenciar gato de lebre.
O discurso eleitoral será previsível। Apesar da diversidade regional, o conjunto urbano padece dos mesmos problemas, a partir da expansão da violência e da precariedade dos sistemas de transportes, saúde, habitação, saneamento e educação, entre outros.


Ao lado da estampa da deterioração urbana, explodem flagrantes de desmandos, ilícitos, casos mal explicados envolvendo máfias, consórcios empresariais e funcionários públicos। Neste momento, a angústia do citadino se cruza com o olho apurado sobre a malversação do dinheiro público, tornando mais exacerbado seu senso crítico.


Esse processo age sobre a engenharia emocional dos indivíduos, na medida em que lhes proporciona novos parâmetros de vida, gerando reflexos na percepção dos actores políticos। A classe dos académicos é sempre mais exigente.


Analisa, compara, distingue entre versão e verdade। Portanto, os candidatos deverão preocupar-se com a consistência de propostas. Quando o eleitor tem dúvidas sobre a viabilidade de uma ideia, acaba desqualificando o autor.


Frequentemente se vê às voltas com o fenómeno da “dissonância cognitiva”, confusão entre ficção e realidade. O eleitor, hoje, é mais propenso a rejeitar ideias estapafúrdias. Não entram mais em sua cachola, extravagância de um candidato. Até pode haver eleitor que ainda se encante com ilusionismo. Mas a eficácia do discurso urbano deve conter uma vacina contra bobagem.

terça-feira, 8 de julho de 2008

Lavo Mariano, 77 anos - Quantos filhos? Tantos que nem sei! - Com a ajuda da família, contou-se 80, mas o ancião promete mais, porque diz que Deus deu


Lavo Mariano, 77 anos - Quantos filhos? Tantos que nem sei! - Com a ajuda da família, contou-se 80, mas o ancião promete mais, porque diz que Deus deu­-lhe muita força

NO bairro de 25 de Setembro, junto à Fortaleza de Sena, distrito de Caia, vive um ancião, polígamo, pai de mais de 80 filhos, um desconhecido número de genros, noras, netos e bisnetos espalhados por todo o país. Andamos por lá nas últimas semanas e acabamos conhecendo este homem.

Tudo começou quando a jovem Merlina Fernando, extensionista rural afecta em Sena, teve a gentileza de acompanhar a nossa equipa de Reportagem, juntamente com o professor João Fernando à fortaleza de Sena।


Despoletou, então, o “mistério”: Vovó Lavo, sabe dizer quantos filhos tem?! O velho ficou momentaneamente boquiaberto e recorreu ao chão para tentar contar e responder à pergunta। Foi impossível! Tivemos que regressar à sua casa onde viria a ter ajuda para dizer quantos filhos tem। Toda esta hesitação despertou então a nossa atenção, a ponto de decidirmos trazer a história que adiante se segue. Com o nosso “herói” a ideia era falarmos da fortaleza já que ele é o responsável pela sua manutenção.


SERRALHEIRO, MILITAR E RÉGULO

Lavo Mariano, nasceu há 92 anos no posto administrativo de Sena, distrito de Caia, em Sofala। Foi antigo serralheiro-mecânico na empresa de Portos e Caminhos de Ferro de Moçambique. Entre 1930 e 1935 cumpriu a vida militar no exército colonial português em Macau. Actualmente é líder tradicional do terceiro escalão, ocupando-se ainda da limpeza da fortaleza de Sena.


Na verdade, tornou-se um exercício bastante delicado para aquele ancião, alto, do cimo dos seus 1।93 metros, que veio ao mundo precisamente no dia 1 de Janeiro de 1916 dizer, com clareza, o seu agregado familiar. Teve que recorrer às mulheres, filhos, netos, noras e bisnetos para se situar no tempo e no espaço.


Feito o arrolamento, expressando-se em sena, disse abertamente que teve 81 filhos, 50 oficialmente conhecidos, 23 com amantes e oito clandestinos, estes últimos que só ele conhece. Dos filhos publicamente conhecidos, 40 estão vivos e 33 morreram.
NOVE ESPOSAS... OFICIALMENTE!

LAGOA NTUNGA, EM CHEMBA - Onde os crocodilos chamavam as pessoas : estórias várias, com superstição à mistura.


A LAGOA Ntunga é por muitos considerada o principal "cartão de visitas" da vila de Chemba, distrito mais longínquo da província de Sofala, situado há mais de 500 quilómetros da cidade da Beira. Fontes orais relatam que o nome foi atribuído exactamente devido às lutas titânicas entre o Homem e os crocodilos, que são aos milhares no rio Zambeze.

Manuel Baitone, um velho ancião, líder comunitário que nos foi indicado pelo administrador distrital como conhecedor dos segredos da zona, refere que a lagoa era habitada por crocodilos mágicos que imitando vozes humanas chegavam a convidar as pessoas a beberem água para depois atacarem-nas। Quer dizer, "kutunga" significa tirar água. As pessoas deram ao lago o nome de Ntunga para explicar que se tratava de um local para onde as pessoas eram chamadas para buscarem água só que eram geralmente devoradas como se explica no presente escrito.


Baitone fala de milhares de pessoas, cães e cabritos que tiveram semelhante sorte alegadamente protagonizada por terríveis feiticeiras tidas como proprietárias dos aludidos répteis.