quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009



A propósito das eleições Presidenciais e Legislativas de 2009


O parlamento de Moçambique entrou no mandato quinquenal que este ano termina com os mesmos vícios dos mandatos anteriores. O descaso com os anseios populares virou uma prática corriqueira, o histórico político de alguns representantes mais parece uma “capivara” e reina uma salada partidária que confunde até os que convivem quotidianamente em seu meio. Mas é preciso separar o joio do trigo, superar o discurso de que “ninguém presta” e fortalecer a participação popular e as organizações partidárias.

Grande parte dos deputados da Assembleia da República de Moçambique das ambas bancadas parlamentares, aproveitam a oportunidade de puder falar em directo numa transmissão em canais de TV bem como na Rádio pública do país para discutir mais assuntos que lhes dizem respeito, responder provocações particulares e partidárias e sobre o que o Povo que os deu a oportunidade de ganhar os 16.000.00Mts, passa todos dias desde as margens do Rovuma até aos altos prédios do grande Maputo, NADA SE LEMBRAM, ou melhor SE ESQUECEM DE TUDO.

Os seus salários, que mesmo com os zeros reduzidos na nova família não deixa de ser uma quantia extremamente elevada num país de onde a minoria absoluta é que acorda duma cama fashion dum quarto com ar condicionado à temperatura que lhe convier para um desses 4x4 que o fabricante que é Ocidental ou nipónico, recomenda que seja bem usado em terras de difícil acesso, os mesmos carros, nunca tiveram o prazer de saborear as terras onde Deus se esqueceu, as mesmas que o nosso GOVERNO NUNCA SE LEMBROU.

O que mais me espanta é que estes macabros comportamentos que me refiro com os SENHORES DEPUTADOS da Assembleia da República que infelizmente muitos de nós ainda temos a coragem de chamar àquela “a casa do povo”…mas que vergonha. Surdos ou Cegos? Sim só podemos ser surdos ou cegos de não podermos ver e ouvir que tudo o que parlamenta naquela sala é só ninharia que diz respeito a vida e estabilidade das contas bancárias dos Senhores Coronéis e destes outros Deputados coitados que saíram como entraram ás autárquicas e sinto que o pior está por vir porque duvido que os seus patrões farão fácil ao auto intitulado “OBAMA” de Moçambique.

Homens, Mulheres e Jovens, estão, como todos devem saber, agendadas as Eleições Presidenciais para este ano, e eu sinto que muitos de vocês tem o mesmo sentimento que eu: ESTÁ NA HORA DE MUDANÇA!

A mudança passa por pôr fim a muitos desses infortúnios da vida dos nossos camaradas com grandes propriedade de terra, mas muita terra mostrada aos quatro cantos deste planeta esférico que abrigam castelos memoráveis, com muitos quartos, suítes, salas, além de chafariz, lagos artificiais, piscinas com cascata e capelas, que hospedam presidentes e finge-se ser daquele senhor empreendedor e até os casais enamorados tiram fotos para o álbum de núpcias.

Áreas de grandes metros quadrados construídas, mais do que muitos castelos medievais europeus.

Os camaradas do nosso partido libertador são hoje os caciques regionais e nacionais, geradores de uma tensão permanente entre o fisiológico poder pessoal e a organização partidária. Por isso vivemos uma oscilação permanente entre a construção de formas mais avançadas de representação política e participação popular e a manutenção desta arcaica estrutura de poder, sintetizada em partidos de pessoas.

A superação deste quadro é possível e necessária, mas não se resolve na base das lamúrias. É preciso mobilização social de baixo para cima para enfrentar os escândalos que se sucedem. Reclamos insistentes com o vizinho, indignação de sofá e cuspir respostas mecânicas como “ninguém presta” e “político é tudo ladrão”, só colaboram para ampliar o distanciamento das pessoas da participação política na definição dos rumos do país, que é tudo que os donos do poder querem.

O remédio é exactamente o contrário: protestar organizadamente contra este estado de coisas, agir politicamente a favor de uma reforma que fortaleça os partidos e enfraqueça os coronéis, diferenciar a banda podre da banda sadia do parlamento. Enfim, tornar os brasileiros verdadeiros protagonistas das mudanças necessárias.

Nestas Eleições, vamos mostrar um pouco de Amor-próprio e de dignidade Pessoal, VOTO PROESPECTIVO E PRESPECTIVO, Repito VOTO PROSPECTIVO E PERSPECTIVO!

Zacarias Chambe

(Estudante da Faculdade de Ciências Sociais Curso de História Política e Gestão Pública pela Universidade Pedagógica-Nampula)