sexta-feira, 10 de outubro de 2008

Kuphatira ganha espaço em Chemba

A hipoteca, ou seja, “kuphatira” que consiste na identificação de uma rapariga por parte dos pais de um determinado rapaz e posterior “reserva” para fins matrimoniais está ganhando campo no distrito de Chemba, a norte da província de Sofala, a cerca de 600 quilómetros da cidade da Beira. O mesmo também se observa em relação aos homens já adultos e casados que procuram menores para casar, colocando-as na situação de segundas ou terceiras esposas. Junta-se a isso o facto de alguns progenitores das meninas voluntariarem-se a entregá-las quando se vêm apertados devido à pobreza ou dívidas.

Este procedimento continua a afectar a vida das raparigas naquele distrito impedindo-as de frequentarem a escola, pois sempre acaba contraindo algum casamento prematuro।

Estamos perante uma situação lamentável de abuso sexual da rapariga, fundamentalmente a estudante, algo que se vem registando em quase todos os povoados de Chemba, pois existem pais que entregam as suas filhas de 10/12 anos a homens ou rapazes para se aliviarem de dívidas ou minimizarem sofrimento, conforme testemunhos que recolhemos sobre o assunto।

RISCO MAIOR

Devido a esta situação, de acordo com os depoimentos, muitas raparigas não frequentam escolas estando nos lares, pois são obrigadas a dormir com o futuro marido mesmo antes de serem donzelas, alegadamente para se habituarem do quotidiano de uma mulher casada!

Com vista a minimizar este tipo de abuso sexual da rapariga, o governo distrital em parceria com alguns organismos não-governamentais e associativos juvenis têm levado a efeito campanhas de divulgação de direitos da criança e da rapariga em particular, incluindo a formação de activistas sobre HIV/SIDA e saúde sexual reprodutiva para adolescentes।

Este fenómeno de “kuphatira” ou seja, reserva, é visto hoje como uma questão que também pode disseminar o HIV/SIDA, porquanto as raparigas são forçadas a casarem-se antes de atingirem a maturidade por causa da vontade dos pais ou de familiares, sobretudo quando neste caso se trata de órfãs.O problema de órfãs, segundo apuramos, é que os familiares entendem que mantendo-as casadas estarão aliviados de despesas decorrentes da sua escolarização ou mesmo de alimentação cabendo isso ao seu marido ou ao candidato a marido.

Nenhum comentário: