sexta-feira, 10 de outubro de 2008

Black is Beautiful




No início do comércio marítimo holandês, a Companhia das Índias Ocidentais e a Companhia Geral das Índias Orientais, trouxeram africanos para a Holanda. Por volta de 1630, Rembrandt van Rijn pôde encontrar facilmente um modelo-vivo da raça negra. Antes disso, costumava-se a representar pessoas negras utilizando cópias de materiais que haviam sido elaborados pelos descobridores ou outros artistas.



"Estas cópias não tinham caráter depreciativo", explica o historiador de arte Elmer Kolfin, colaborador do catálogo de ‘Black is Beautiful'। "Simplesmente não se dispunha de modelos-vivos. A arte, por definição, tem como objetivo, refletir o sublime. Nessa época, as pessoas negras eram pintadas como reis, príncipes e nobres".



Por volta do século dezessete era comum, em círculos reais, presentearem-se mutuamente com um pajem, geralmente meninos oriundos da África। Às vezes, os artistas utilizavam estes servos como imagem contrastante, para realçar melhor a pele branca do amo. O estereótipo dos negros como selvagens e primitivos se produziu mais tarde, quando a Holanda passou a forçar africanos a migrarem para América e lá trabalharem como escravos.

Na primeira metade do século vinte esteve em voga, entre os artistas, realizar trabalhos primitivistas, inspirando-se na arte procedente da África e da ilha da Oceania de Nova Guiné। Os negros eram considerados primitivos e eram representados geralmente nus e rodeados de natureza.



Segundo Adi Martis, historiador de arte da Universidade de Utrecht, este pensamento não reproduzia com realismo às pessoas retratadas: "Era uma espécie de clichê, já que, durante muito tempo, obrigamos os negros a serem originais, negando os aspectos modernos".

A partir dos anos 60, época das descolonizações, os artistas negros procedentes das antigas colônias, começam a contribuir para a formação da imagem। Na exposição Black is Beautiful há obras destes artistas contemporâneos. Pode-se ver imagens de libertadores, como o jamaicano Marcus Garvey e o surinamês Antón de Kom, pintadas por Iris Kensmill.



Outro artista, Gillion Grantsaan, brinca com os estereótipos e retrata a Rainha Beatrix (foto), da Holanda, com um penteado afro। Ambos representam a nova geração de artistas da diáspora africana: nascidos na Europa, de raízes africanas e caribenhas, que viajam o mundo todo e mudam a maneira de retratar as raças negras e brancas.



Black is Beautiful foi composta, após anos de estudos, pela curadora convidada Esther Schreuder. A idéia de estudar a figura do negro nas obras de artes surgiu de uma visita ao Rijksmuseum (Museu Real), em Amsterdã. Schreuder estava acompanhada de Iris Kensmil e percebeu que a artista focava sua observação nas pessoas negras. A exposição Black is beautiful, de Rubens a Dumas, pode ser vista na Nieuwekerk de Amsterdã até 26 de outubro. A mostra consta de três partes: O Velho Mundo, o Novo Mundo e o Mundo Moderno. Temas importantes são: o rei negro, homens fortes, mulheres fortes, África, América (do Sul) e os escravos e retratos.

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