É evidente que a adopção do pluripartidarismo não está a resolver os problemas de convivência e de desenvolvimento, entre outras razões porque isto não depende só do sistema político। Muito menos o conseguiram os regimes militares e os partidos únicos. Na verdade, detecta-se um vazio de poder real acompanhado de dois factores preocupantes.
Em primeiro lugar, o abismo cada vez maior entre poder e população civil; esta perdeu a fé nos seus dirigentes porque são incapazes de satisfazer as suas necessidades vitais। O afastamento entre o poder e os cidadãos levou-os a tentarem «resolver» os problemas como podem, acabando muitos deles – sobretudo os jovens, são os «boat-people» do desengano na frustração.
É preocupante, ademais, ver a apatia reinante nas universidades do Pais, que deveriam ser o caldo de cultura de novas gerações bem preparadas para renovar as administrações públicas e mesmo os partidos políticos, repletos de velhos dirigentes que serviram sem escrúpulos os partidos únicos e os regimes militares। Passaram sem solução de continuidade do despotismo ao pluripartidarismo, mas não acompanharam as transições democráticas com a renovação dos aparelhos partidários. Ao fim e ao cabo, é a mesma gente com roupagens diferentes.
Daí que assistamos em muitos países, como em Moçambique, ao espectáculo de mudanças na cúpula dos partidos maioritários com pessoas que rondam os 70 anos। Muda-se para que tudo fique igual.
Enquanto isto acontece, aumenta o número de jovens desocupados embora possuam estudos superiores। Fechadas as portas das administrações públicas e do poder político, muitos destes jovens concentram-se nas grandes cidades, desanimados e abatidos.
Infelizmente, É sempre a mesma conversa. Quando o noticiário político começa a ficar pesado com a rotina de escândalos e operações da Polícia, justiça, função pública, eleições, políticos sacam o discurso de que é preciso votar nas próximas eleições para o País andar.
Um comentário:
Bom Traquinho parece que a situação dos partidos políticos ai em Moçambique não é tão diferente da situação dos partidos aqui no Brasil. Estamos em ano eleitoral e já estamos acompanhando notícias desagradáveis dos partidos e de seus candidatos. É, política é igual em todo lugar. Abraços
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