quarta-feira, 17 de setembro de 2008

Crítica a tratados de partilha de poder em África


O POLITÓLOGO ganês Kwesi Jonah criticou segunda-feira em Accra, capital do Gana, os acordos de partilha de poder em África, qualificando esta tendência de “preocupante”, escreve a agência pan-africana ।

“Tendo em conta a maneira como os acordos de partilha do poder são assinados nos países africanos nos últimos tempos se não tivermos cuidado os políticos impopulares vão continuar a falsificar as eleições na esperança que se eles não ganharem haverá um acordo de partilha de poder”, advertiu।

Conferencista na Universidade do Gana e pesquisador no Instituto sobre Governação Democrática (IDEG), Jonah declarou que as organizações regionais e continentais deviam condenar os líderes políticos impopulares।

“A União Africana (UA), as organizações regionais e sub-regionais não deveriam reconhecer os dirigentes recalcitrantes se se provar que eles cometeram fraude nas eleições”, declarou, fazendo alusão aos acordos de partilha de poder assinado no Quénia, Costa do Marfim e no Zimbabwe।

No Quénia, o Presidente Mwai Kibaki partilha o poder com o líder da oposição, Raila Odinga, na Costa do Marfim, o Presidente Laurent Gbagbo partilha o poder com o chefe rebelde, Guillaume Soro, enquanto no Zimbabwe, o Presidente Robert Mugabe e o líder da oposição, Morgan Tsvangirai, assinaram segunda-feira um acordo de partilha de poder para pôr termo à crise política nascida das eleições presidenciais।

Jonah sublinhou que se um contencioso eleitoral e um impasse desembocarem em violência, como no Zimbabwe e no Quénia, um acordo de partilha do poder era útil porque punha termo à crise e ao ciclo de violência।

“Se não tivermos cuidado, tiranos vão servir-se destes acordos como meio de chegar ao poder। Alguns vão mesmo organizar golpes de Estado na esperança que depois eles obterão um acordo de partilha do poder”, declarou o docente universitário ganês.

Jonah defendeu que as organizações regionais devem levar mais a sério os relatórios que recebem dos seus observadores eleitorais e sancionar os dirigentes suspeitos de terem cometido fraude nas eleições।

“Por exemplo no Zimbabwe está suficientemente claro que o Presidente Robert Mugabe falsificou os resultados das eleições e no Quénia há bastante provas que mostram que o Presidente Mwai Kibaki se manteve fraudulentamente no poder, mas a UA não tomou medidas firmes contra estas pessoas”, sustentou।

O politólogo disse que enquanto as organizações continentais e regionais continuarem a reconhecer dirigentes que falsificam os resultados das eleições o continente continuará a ser palco de outros acordos de partilha de poder.

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