terça-feira, 28 de outubro de 2008

Durante o “apartheid”: John McCain apoiou a Renamo




O CANDIDATO republicano à presidência dos Estados Unidos, John McCain, foi defensor da Renamo, apoiado pelo regime do “apartheid”, na década de 1980, numa altura em que mesmo a administração republicana de Ronald Reagan recusou-se a ter qualquer ligação com a Renamo, devido ao seu comportamento terrorista.


O prestigiado "site" americano, “The Huffington Post” trouxe à superfície os registos da votação de McCain durante a década de 1980, revelando que este candidato foi um dos senadores que se juntou ao notório racista da Carolina do Norte, Jesse Helms, na tentativa de bloquear a nomeação de um novo embaixador para Moçambique e exigindo que a administração norte-americana mantivesse conversações incondicionais com a Renamo।



Apesar da sua tentativa de derrubar os governos de Esquerda em Angola, Nicarágua e Afeganistão, a administração de Ronald Reagan não seguiu a mesma política em relação a Moçambique, em parte porque o comportamento sanguinário da Renamo era bastante conhecido nos Estados Unidos।



A pior atrocidade da guerra, quando a Renamo massacrou 424 civis na vila de Homoine, sul do país, em 18 de Julho de 1987, foi testemunhada por um missionário Mennonita norte-americano, Mark van Koevering। Os seus relatos de como combatentes da Renamo “mataram doentes hospitalizados e entoavam slogans políticos enquanto matavam crianças”, foram amplamente divulgados nos media norte-americanos.



No ano seguinte, não foi um marxista revolucionário mas um funcionário do Departamento do Estado norte-americano, Roy A। Stacey, na época sub-secretário de Estado adjunto para os Assuntos Africanos, que considerou a Renamo culpada de “um dos mais brutais holocaustos contra os seres humanos desde II Guerra Mundial. Esta linguagem era extremamente forte, dado que no discurso político americano o termo “holocausto”' é geralmente reservado para descrever o genocídio nazi contra judeus europeus.



Então, uma administração republicana, altamente conservadora, decidiu que havia limites para o anti-comunismo, e que não iria apertar mãos tão cheias de sangue como as dos dirigentes da Renamo। Mas havia uma minoria republicana no Senado que queria que Reagan apoiasse a Renamo - e o “Huffington Post” indicou que McCain foi um deles.



Helms liderava os apoiantes da Renamo no Senado, e eles viram uma oportunidade em 1986, quando o posto de embaixador norte-americano em Moçambique estava vago। A administração Reagan propôs para o cargo a diplomata de carreira Melissa Wells. Mas ela apoiou a política da administração de manter boas relações com o Governo da Frelimo e de não reconhecimento da Renamo.



O cargo de embaixador tem de ser aprovado pelo Senado, mas Jesse Helms arranjou uma forma eficiente de obstruir a confirmação no Senado e adiar por um ano que Melissa Wells apresentasse as suas cartas credenciais em Maputo। Ela foi nomeada em Outubro de 1986, mas só a 10 de Setembro de 1987 é que o Senado, finalmente, confirmou a sua nomeação.



Nessa altura, o massacre de Homoine tinha sido amplamente divulgado, e a maioria dos senadores não queria saber da Renamo। Eles não aceitaram as alegações absurdas de que o massacre tinha sido cometido por zimbabweanos ou que foi uma invenção da Frelimo. Vinte e quatro senadores opuseram-se à nomeação de Wells - e John McCain foi um deles. Ele votou contra o encerramento do debate sobre a nomeação de Wells e contra a confirmação desta como embaixadora.



Um mês depois, Jesse Helms introduzia uma emenda à uma lei da autorização do Departamento do Estado que teria forçado o Secretário de Estado (George Schultz) a se encontrar com a Renamo sem quaisquer pré-condições। Outros republicanos consideraram isso um absurdo, e o senador John Danforth moveu com sucesso uma moção para eliminar a emenda de Helms. Entre os que votaram contra a moção do Danforth consta John McCain.



Algumas pessoas podem argumentar que isto tudo ocorreu há muito tempo e a Renamo já não é uma organização terrorista, mas um partido político respeitável com 90 assentos no parlamento moçambicano। É verdade - mas são John McCain e Sarah Palin, parceira de corrida eleitoral, que fizeram do lídar com terroristas' um assunto da campanha eleitoral americana.



O autor do artigo do “Huffington Post”, Jacob Alperin-Sherif, assinalou que “o apoio de McCain à Renamo contradiz directamente os seus ataques ao adversário Barack Obama por ter “trabalhado em estreita colaboração com o terrorista Bill Ayers” e por se ter “comprometido a reunir-se, sem condições prévias, com os líderes do Irão, Síria, Venezuela, Cuba e Coreia do Norte।”



Ayers foi um membro da “Weather Underground”, um pequeno grupo terrorista que esteve activo nos Estados Unidos entre 1969 e 1973, quando Obama era criança। Décadas depois, quando Ayers já não era activo na política radical e tornou-se professor de educação, ele e Obama trabalharam no conselho de administração de um grupo anti-pobreza, em Chicago.



Enquanto McCain votou a favor da Renamo no Senado, em nenhum momento Obama votou a favor da “Weathermen” ou nas suas tácticas।



Obama foi certamente criticado por propor encontros incondicionais com governos considerados apoiantes do terrorismo, tais como os regimes sírio e norte-coreano। Mas Obama também afirmou claramente que ele não favorece encontros com organizações terroristas não-governamentais, tais como o Hamas, da Palestina. Ele foi bastante específico – o Governo dos Estados Unidos não deveria falar com o Hamas 'até que renuncie ao terrorismo'.



Então, Obama não irá dirigir o Governo dos Estados Unidos a uma reunião com o Hamas, mas McCain queria a administração Reagan mantendo conversações incondicionais com a Renamo.
Qual dos candidatos realmente "lida com terroristas"?

Nenhum comentário: