quarta-feira, 16 de julho de 2008

“WE USE TO BE AFRICANS”-Hugh Masekela, NO V-FESTIVAL NACIONAL DE CULTURA









Percorrendo os cantos do país através da diversidade cultural




XAI-XAI é por estes dias a capital de Moçambique no domínio das artes e cultura, fruto da realização, aqui, da fase final do V Festival Nacional de Cultura, que desde sexta-feira junta perto de 800 artistas seleccionados em todas as províncias do país mais outros, de palmo e meio, escolhidos nas escolas primárias e secundárias da capital provincial de Gaza।

A fase final desta realização que o Governo lançou em Maio e que rodou anteriormente etapas distritais e provinciais está a ser caracterizada por um convívio salutar e raro entre os moçambicanos provenientes de todos os cantos do seu território।

É possível ver-se em Xai-Xai pessoas vindas de um ou de outro canto de Moçambique a trocar impressões com compatriotas de outras paragens (ao invés de apenas estarem entre si e consoante a província de origem), o que pode traduzir num dos objectivos deste festival: fazer com que os moçambicanos se conheçam a si próprios através das suas tradições, línguas e outros valores que desembocam na cultura.

O V Festival Nacional de Cultura abarca três principais componentes: as artes cénicas (canção, dança, música e teatro), artes visuais (arte, artesanato e fotografia) e feiras (livro e disco, video-documentário e longas metragens e gastronomias e moda), para além de programas complementares como workshops sobre temas meramente culturais e visitas a locais que testemunham parte do percurso histórico deste país, casos de Nwadjahane, o berço do herói nacional Eduardo Mondlane, ou Coolela e Chaimite, palcos de episódios de resistência à ocupação portuguesa às terras do Império de Gaza, que ruiu ao cair aos pés dos invasores europeus em 1895।

Vários episódios – alguns deles curiosos – também marcam um evento que vinha sendo preparado há vários meses tanto a nível central como localmente। Por exemplo, apesar do festival ser nacional e por isso para todos os moçambicanos e estrangeiros que por estes dias se deslocaram à Xai-Xai, os habitantes desta pequena cidade quase que gazetearam ao evento.

O V Festival Nacional de Cultura tem artes e artes। Estamos habituados a ir a um festival multidisciplinar e assistir a actuações de música, dança, teatro ou outra modalidade cultural. Mas em Xai-Xai há uma delegação que trouxe na bagagem um condimento especial: cobras, umas pequenas e outras grandes, esverdeadas, potencialmente perigosas mas bem domadas, como que conscientemente convidadas para fazerem parte de uma coreografia estranha. São artistas da Zambézia, com a famosa “dança das cobras” que constitui uma das principais surpresas – agradável e ao mesmo tempo desagradável – deste evento.

Um artista desta delegação, a quem quisemos saber da coragem e da motivação em trazer estas perigosas criaturas para um palco de celebração da moçambicanidade, como foi apelidado o festival, comentou nos seguintes termos o envolvimento de cobras na dança: “se as cobras fossem tão más como as pessoas pensam, elas já me teriam picado as mãos, o pescoço ou as costas, mas como não são, pelo contrário sabem amar mais do que muitas pessoas, elas estão aqui a participar no festival”।

Curioso é que ao mesmo tempo que impressiona, a dança das cobras é um mar de arrepios. Ao mesmo tempo que elas são estrelas em palco, o público que acompanha as actuações divide-se em comentários: “bruxaria também é cultura”, “aquelas cobras são de pessoas”, “onde já se viu isso, querem fazer-nos sonhar cobras à noite”...

Para além da exibição artística em si, o V Festival Nacional de Cultura engloba alguns workshops sobre o andamento de diversas áreas culturais e de conhecimento। É o caso de um havido sábado na Escola Secundária de Xai-Xai sobre a importância do livro para a sociedade.

O workshop contou com a participação de alguns membros da Associação dos Escritores Moçambicanos (AEMO), nomeadamente o respectivo secretário-geral, Jorge Oliveira, ou o escritor Ungulane Ba Ka Khosa। A agremiação lançou o seu memorial – que corresponde ao percurso da literatura moçambicana no pós-independência – e o livro “Mbila e o Coelho”, de Rogério Manjate. Esta obra foi lançada mês passado em Maputo.

Foi notável a presença de Marcelino dos Santos, veterano da luta de libertação nacional e homem intrinsecamente ligado à cultura e artes do nosso país, O nosso compatriota Jimmy Dludlu e o sul-africano Hugh Masekela

Um comentário:

OFICINA PONTO E VIRGULA disse...

Gostei muito este teu espaco. E suas abordagens