sexta-feira, 24 de outubro de 2008

Angola: "Crianças feiticeiras" resgatadas eram alvo de maus-tratos e tortura




Dezenas de crianças num quarto, fechado, com uma fogueira onde era queimado Jindungo (malagueta) era um dos métodos usados para libertar do "mal" das 40 "crianças feiticeiras" que hoje foram resgatadas pela Polícia Nacional na capital angolana, noticia a Lusa।




Uma das pessoas que acompanhou a operação de resgate das crianças relatou que os locais onde estavam os menores são pequenos e com velas constantemente acesas, libertando uma fumaça que impregnava todo o espaço, com as crianças presentes, tornando o ar irrespirável। Uma destas crianças tinha quatro dias quando foi entregue à igreja para ser "curada" e tem agora apenas um mês de idade, disse fonte do Ministério da Assistência e Reinserção Social (MINARS). A mais velha tem 15 anos. Foram detidas duas mulheres responsáveis pelas supostas igrejas, situadas no município do Sambizanga, em Luanda, onde as 40 crianças permaneciam: a Igreja de Revelação do Espírito Santo de Angola e Igreja Boa Fé - ambas oriundas da província do Zaire, região onde os casos de crianças maltratadas sob acusação de serem feiticeiras são mais graves em Angola. Outro dos tratamentos aplicados para expurgar o "mal" do corpo das "crianças feiticeiras" consistia ainda em fazer golpes com lâminas no corpo das crianças, alegadamente para que pudesse "sair o mal", disse a fonte do MINARS. Em resultado desta "cura", adiantou ainda a mesma fonte, pelo menos uma das crianças está em risco de perder os braços devido à gangrena que resultou destes golpes sem tratamento posterior. Entre as 40 crianças, 29 (até aos oito anos de idade) estão no Lar Kuzola, um centro para jovens em dificuldades, e as restantes foram dispersas por outras casas de acolhimento.


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