MILHARES de reclusos, mesmo os que confessam o seu envolvimento em práticas criminais, tentam, a todo custo, sair da cadeia, nem que tal liberdade seja apenas gozada por algumas horas। Nesse grupo de presos não consta Camilo António, jovem de 28 anos, da província de Manica que, por despacho do juiz que o autorizou a sair em liberdade condicional, após cumprir metade da sua pena, abdicou da liberdade e preferiu regressar, à revelia das autoridades, à Penitenciária Agrícola de Manica, onde diz se sentir mais seguro।
Camilo António foi um dos 18 reclusos que se beneficiaram da liberdade condicional no ano passado, em resultado de 67 propostas elaboradas e enviadas aos respectivos tribunais para decisão। A liberdade condicional só é atribuída aos reclusos que no decorrer do cumprimento da pena, fazem metade com bom comportamento.
A história de Camilo António começa a 22 de Junho de 2004, quando foi acusado de ter morto o seu padrasto। Foi julgado e condenado pelo Tribunal de Manica a 10 anos de prisão maior। Pelas contas, ele só sairia da cadeia em 2014 mas, antecipadamente e pelo bom comportamento, beneficiou da liberdade condicional no ano passado.
“Rejeitado, sem emprego e nenhuma outra actividade rentável, a vida para mim estava dura। O mais grave é que a família do meu padrasto me queria matar. Diz que quer ajustar as contas comigo. Temendo pela minha vida, preferi fugir e foi dai que tomei a decisão de voltar à cadeia. No dia 24 de Dezembro do ano passado, peguei num martelo e outras ferramentas fui derrubar parte do muro de vedação da Penitenciária e voltei à cela. Assim, sinto-me mais seguro e melhor aqui” – explicou.
A direcção da cadeia é que não gostou da atitude do recluso uma vez que, segundo o director Francisco Mate, o jovem evadiu propriedade alheia। Por isso, foi conduzido ao tribunal onde viria a ser, novamente, julgado e condenado a uma pena de um ano de prisão.
“Tomei a decisão de partir o muro porque não mais aguentava o que estava a acontecer comigo lá fora. Estava a sofrer. Para mim, a cadeia é o lugar mais seguro porque não tenho ninguém me atormentando. Reconheço que falhei ao não comunicar às autoridades, mas eu precisava de um refúgio. Não quero viver na cadeia, mas para esta fase da vida que estou a passar, o melhor lugar que encontrei é este” – desabafou o jovem.
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