quarta-feira, 16 de junho de 2010

Assinalando os 50 anos do Massacre de Mueda: “Crime” foi ter exigido independência

HOJE é um dia histórico para a África em geral e para Moçambique em particular। O continente assinala o Dia da Criança Africana, acontecimento que lembra a hecatombe cometida há 34 anos pelo regime repressivo do "apartheid" contra jovens estudantes no Soweto, redondezas de Joanesburgo, na África do Sul, que se insurgiam contra a segregação racial no sistema de educação naquele país। Cá entre nós a efeméride reveste-se de duplo significado: Há cinquenta anos, no distrito de Mueda, na província de Cabo Delgado, o regime colonial português, usando e abusando da sua superioridade militar abriu fogo contra um grupo de moçambicanos que exigiam pacificamente a sua autodeterminação, matando mais de 500 pessoas. Por outro lado, foi em 1980 que o então Presidente Samora Moisés Machel anunciou à nação a criação da moeda nacional – o Metical – em substituição do escudo português – passam hoje 30 anos.
Porquê do massacre?
O “CRIME” cometido pelos moçambicanos mortos indiscriminadamente em Mueda foi de terem exigido às autoridades coloniais o seu direito à autodeterminação। E porquê esta exigência? Os moçambicanos estavam cansados da exploração e da opressão, do trabalho forçado, do xibalo, das prisões e da constante incerteza do amanhã. Os moçambicanos começaram a compreender que não podiam trabalhar de graça nas plantações do sisal, nas serrações, no cultivo do algodão, tendo como gratificação o chicote às costas. Este massacre marcou indelevelmente a resistência do povo moçambicano contra o colonialismo português e precipitou o início da luta armada de libertação nacional, quatro anos mais tarde, e que viria a culminar com a proclamação da independência a 25 de Junho de 1975. Ou seja, os moçambicanos cedo compreenderam que pela via do diálogo jamais alcançariam a independência e a autodeterminação. Uniram-se em um só movimento – a Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO) e decidiram que a luta armada era a única via para forçar o regime colonial português a conceder a liberdade. E decidiram ainda que o combate jamais cessaria senão com a liquidação total e completa do regime fascista e consequente proclamação da independência nacional. Efectivamente, a insurreição geral armada do povo moçambicano só veio a terminar com a derrota do regime colonial, forçado a assinar a 7 de Setembro de 1974 os Acordos de Lusaka. Acordos que abriram caminho para a independência nacional.

Portanto, o 16 de Junho ensina, que só com a união se pode vencer seja qual for o obstáculo que se instale no seio de um povo ou de uma nação. “a união faz a força” – lá diz o velho adágio popular. O povo sul-africano, unido, venceu o “apartheid”. Os moçambicanos, unidos, venceram o colonialismo. A África, unida, está independente.

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