O escritor, jornalista e biólogo moçambicano Mia Couto defende que o jornalismo praticado em Moçambique é fraco e que, por causa disso, é quase impossível avançar para um jornalismo investigativo sério। Couto fez esta declaração num seminário que decorre, desde ontem, em Maputo, sobre jornalismo investigativo, quando dissertava exactamente sobre os desafios deste tipo de jornalismo no país.
O escritor deu a entender que os problemas do jornalismo moçambicano são conjunturais। Couto disse, por um lado, que “vivemos numa sociedade em que não há tradição de debate político. Apesar do quadro legal estar a favor duma cultura de liberdade de expressão, esta ainda não é aproveitada pela maior parte dos moçambicanos, o que leva a entender que há um défice de cidadania neste país”. Por outro lado, disse que não há uma produção académica séria. “as nossas universidades e institutos superiores não produzem conhecimento”, defende a fonte, acrescentando que, numa realidade como esta, o jornalista é aquele que deve fazer aquilo que é o dever de todos. Mas porque este jornalista não está preparado, só vai aplaudir os poderosos, bajular os chefes e, acima de tudo, ser uma caixa de ressonância dos discursos dos chefes, embora esteja claro que esta atitude de “servilismo” não sirva para o bem-estar de um país, nem mesmo para aqueles que mandam essas ordens.
Este cenário, aos olhos de Mia Couto, faz com que o jornalismo praticado no nosso país perda a sua credibilidade, sobretudo quando o mesmo pauta por uma via de encomenda। Para defender a sua tese, diz que se um tal jornalista faz uma crítica a outrem, é por encomenda. Mesmo quem investiga um caso que envolve uma figura, é por encomenda, e essa falta de independência do repórter pode colocar em causa o seu profissionalismo.
Desta feita, diz Couto, antes de se avançar para um debate sobre um jornalismo investigativo, é preciso deixar claro que o jornalismo, no geral, praticado neste país está doente।
Mais: a fonte entende que são várias as razões que colocam a investigação jornalística em causa no país, nomeadamente, o medo por parte do repórter, a falta de vontade de fazer trabalhos sérios por parte da direcção editorial de um órgão de informação, entre outros।
Como forma de ultrapassar esta triste realidade, Couto propõe a criação de um fundo no país que possa financiar jornalistas para fazerem trabalhos de investigação.
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