No compulsar do ano que está prestes a finar, se vislumbram acontecimentos importantes que são difíceis de perecer na omissão. Ainda se refazendo da babalaza do findado ano de 2007, fomos, no estrear deste ano, aluídos por uma trepada galopante de preços dos chapas, situação que culminou com a tenebrosa revolução popular, no fatídico dia 5 de Fevereiro. Quem se esquece das barricadas montadas em todas ruas da capital, das crianças e mamanas embriagadas pela frustração demoníaca do custo de vida e atoladas na lama da dementação, que se entregavam à devoção pela violência e pela desordem. A esperança tinha se penhorado ao ódio, à impaciência e à intolerância.
Não nos olvidemos da xenofomania que acometeu os nossos irmãos sul africanos, que como Caϊn arrancara a vida ao seu irmão de sangue, Abel, se embebedavam do sangue dos seus confrades moçambicanos e se masturbaram na excitação hedionda do inconfessável. Moçambicanos estes que se ofertaram com o seu suor para libertar os seus confrades da tirania e das masmorras da boermania, irmãos que foram espoliados de seus bens, compelidos a despedaçar os seus laços familiares e expatriados de forma vexante, vindo adensar uma lista colossal de desempregados no solo pátrio.
As instituições do Estado nadavam nas labaredas como pipocas. Nunca se assistiu a tanto incêndio junto num mesmo ano, o malogro disto tudo, é que nunca se logrou descortinar a origem dos mesmos.
Ventos de fora se fizeram sentir e deixaram a sua marca indelével, o preço dos combustíveis dispara sistematicamente, o bolso do desafortunado cidadão comum se rompe cada vez mais. A pressão psíquica e emocional sobre o citadino, dai inerente, faz com que o índice de suicídios aumente de forma apavorante, a lista de psicóticos engrosse nas ruas da capital, o consumo de substancias psicotrópicas e de álcool adense, os assaltos a mão armada cresçam como cogumelos (assaltos a bancos, roubo de viaturas, etc.), as mulheres do asfalto multipliquem-se, a profanação masculina ganhe terreno. O desespero enamora cada vez mais os moçambicanos.
Não é sem martírio, que mergulho na longa metragem do trafico de menores e adolescentes, da pedofilia e de outros crimes de natureza sexual, que de uma ou de outra maneira contribuíram para nublar o ano que finda. O culto do proibido e a veneração pela promiscuidade se apossaram da natureza humana. Adultos, conduzidos pelo instinto animalejo, se apoderam da candura de criaturas que ainda desconhecem o lado oculto do adulto, o lado da perversão. Crianças que são proibidas de o serem, crianças adultas.
Ainda na esteira do caducado ano, a economia selvagem e seus complexos inerentes estão deixando mazelas, fala-se da crise de alimentos, da crise financeira mundial. O consumismo excessivo e os bancos seduzem o cidadão a se endividar mais do que deve, a esperança se afasta cada vez mais de nós, a esperança cede espaço ao egoísmo e a ganância, estamos sendo sufocados pela ditadura do capital. É a plena alienação económica do homem.
Chegados ao final do ano, assistimos impávidos e serenos e com o mesmo alheamento, aos constantes assaltos a mão desarmada provocados por comerciantes devassos, que embriagados pela avidez, inflacionam invariavelmente o preço dos produtos alimentares, colaborando para o opróbio da penosa situação do cidadão. As bebidas alcoólicas e os refrigerantes diversos são açambarcados para depois serem revendidos a preços obscenos ante o olhar apático do cidadão e de quem de direito. Mukeristas e vendedores informais patrocinam a debilidade económica do cidadão e ditam as regras de um mercado promíscuo. Autênticos percevejos.
Não percamos a esperança, não nos alienemos, redobremos as forças para que o ano de 2009 seja um ano prospero e jubiloso Que a impaciência, a injustiça, a intolerância e todos os males sejam expelidos como excrementos, que nos divorciemos da promiscuidade e da profanação, que nos unamos, e não nos sirvamos das nossas diferenças para fomentar o pânico e a malquerença, mas sim que sirvam de força motriz para desbaratar os obstáculos que se apresentam, vezes sem conta, na nossa vida. Assim seja!
Feliz 2009
Por dr. Kanda
Kanda adnaK
Machope! Não faz mal!
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